domingo, 28 de julho de 2013

CONSAGRAÇÃO DOS FILHOS
 
http://consagracaodosfilhos.blogspot.com.br
 
Página dedicada a estimular nova percepção da consagração de crianças
e propor inovações para a celebração dessa primeira cerimônia voltada aos filhos.



"Herança do SENHOR são os filhos;
o fruto do ventre, seu galardão."Salmo 127.3.

 
 

Embora ainda em construção, mas sabendo que, se esperar ficar perfeito, vai continuar projeto, disponibilizo o blog que venho elaborando desde a véspera da consagração de nossa primeira neta, cuja proposta não é mudar costumes, mas oferecer alternativas.
Que ajude em especial os pais que se desvincularam da igreja enquanto instituição, mas veem os filhos não como propriedade, mas como dádivas que lhe foram confiadas,conscientes de que pertencem Àquele que lhes deu fôlego de vida.

O conteúdo textual desta página pode ser livremente copiado, desde que sem fins comerciais e indicando a fonte: http://consagracaodosfilhos.blogspot.com.br/. Ficam expressamente proibidos reprodução e uso da imagem da criança.
 
CONTEÚDO DO BLOG
 
Apresentação: consagração dos filhos
Apresentação da Beatriz Lys de Carvalho Campos
Modelo de certificado
Modelo de convite
Decoração-ambiente
Consagração de crianças – considerações iniciais
Consagração de filhos no contexto bíblico
O costume bíblico de abençoar as crianças
A cerimônia da celebração
Celebrando a chegada dos filhos
Hino “Oração por uma criança”
Textos bíblicos relacionados para exposição
Frases relevantes para exposição
 
 
 
 
 





sexta-feira, 26 de julho de 2013




 CONSAGRAÇÃO DA
 
Beatriz Lys de Carvalho Campos
 

 




O conteúdo desta página foi preparado para a consagração da primeira neta de ambas as famílias, Beatriz Lys de Carvalho Campos, nascida em 13 de janeiro de 2013 e consagrada em 05 de maio de 2013.

Fugindo propositadamente ao padrão adotado nos círculos cristãos, a cerimônia se deu no salão de festas do prédio onde residiam os pais, e contou com a presença de familiares e amigos das famílias.

A decisão de não realizar a consagração num templo levou em conta dois aspectos importantes: a diversidade de crenças e práticas religiosas dos convidados, e cuja presença era importante para os pais; e, em especial, o desejo de conferir ao ato status de celebração pela vida da filha e não mera formalidade religiosa.

E, tendo em vista a importância do ato, decidimos partilhar com o máximo de pessoas as belas lições que nos proporcionou tal experiência.


ENTRE OS PRESENTES:

Avós maternos         Míriam e Pedro
Avós paternos          Mirna e Umberto
Bisavós maternos    Luzia e José

 
 
✼ ✼ ✼
 
"Mas a misericórdia do SENHOR
é de eternidade a eternidade,
sobre os que o temem,
e a sua justiça sobre os filhos dos filhos,
para com os que guardam a sua aliança
e para com os que lembram dos seus preceitos
e os cumprem."
Salmo 103.17, 18.
 


















 



 



quarta-feira, 24 de julho de 2013

  
 


CERTIFICADO

Desejando, troque a palavra "dedicação" por
"apresentação" ou "consagração" e "dedicam"
por "consagram". Ou, ainda, substituta "oficiante"
pelo nome do ministro, se tiver essa informação
antes da impressão.
 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

sábado, 20 de julho de 2013

 
 
DECORAÇÃO-AMBIENTE
 

 

           Em frente à mesa do oficiante foram dispostos os assentos para os pais com a filha
           e, nas laterais, para os avós e bisavós.

          Os demais convidados – parentes e amigos – se acomodaram em mesas dispostas
          pelo salão, à maneira de uma recepção.
 
 
 
O bolo continha os dizeres:
CONSAGRAÇÃO
BEATRIZ

                 
 


 
                        Após a crimônia de dedicação, seguiu-se um cooffee break,
                       levando em conta ter o evento ocorrido ao final da tarde.

quinta-feira, 18 de julho de 2013


Consagração de Crianças

 
Somados todos os seguimentos religiosos que se autodenominam cristãos, temos, basicamente, duas cerimônias cujo alvo é o recém-nascido: o batismo ou a dedicação (apresentação ou consagração). Ambas carregam a crença no poder de interferência do ato no futuro espiritual da criança e até no seu destino eterno. Mas, de modo geral, têm mais a ver com a expectativa e afirmação da fé professada pelos pais.

Dessa forma, nenhuma criança se torna cristã porque foi batizada ou consagrada; portanto, não faz diferença o tipo de cerimônia a que é submetida, tendo em vista que ainda não goza do discernimento para abraçar determinado credo, o que inevitavelmente ocorrerá mais tarde, podendo não se apegar a nenhum ou optar por outro que não o professado pelos pais.

Batizar ou consagrar?

O tema levanta debates sobre a validade de um e outro ato. Tomando por base o texto bíblico, onde a maioria dos seguimentos cristãos embasa suas crenças, nada encontramos de taxativo ou obrigatório, por não conter mandamento específico no sentido de que os pais devam batizar ou dedicar os filhos.

Entre os grupos evangélicos, os que batizam crianças, embasam tal prática nos exemplos do Novo Testamento como Lídia, o carcereiro de Filipos e Estéfanas:

“Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa...”
[At 16.15.]

“...foi ele batizado e todos os seus.”
[At 16.33.]

“Batizei também a casa de Estéfanas...”
[1Co 1.16.]

No seu entender, o termo “casa” era mais abrangente que “família”, incluídos aí também os servos [escravos] e empregados; logo, para os que defendem o batismo infantil, tais textos permitem concluir que os filhos eram naturalmente incluídos na cerimônia, pois, embora não os citem explicitamente, tampouco os excluem.

Já os que repudiam o batismo de crianças e defendem a sua consagração, escudam-se na apresentação de Jesus pelos pais, ignorando que José e Maria estavam apenas cumprindo o que determinava a lei de Moisés, por ser menino seu primeiro filho.

Sendo uma exigência da lei mosaica, específica para o povo judeu, a ser realizada no templo em Jerusalém, nada tem a ver com os povos não judeus, que vivem sob a graça. Se devêssemos nos sujeitar a essa exigência porque Jesus o foi, como ficariam os demais filhos e filhas? Só apresentaríamos o primeiro, se menino? Portanto, esse argumento não justifica a apresentação de crianças.
 
Os pais levam os filhos a Jesus

Outro argumento, igualmente frágil, dos que defendem a consagração, era a iniciativa de alguns pais levarem os filhos a Jesus para serem por ele abençoados. Embora buscassem algum benefício, uma oração, não os estavam oferecendo a Jesus, pois não o viam como Deus, mas apenas como mais um mestre recém-surgido, que passara a atrair a atenção de todos por ser diferente dos demais rabis.

Trouxeram-lhe, então, algumas crianças,
para que lhes impusesse as mãos e orasse;
mas os discípulos os repreendiam.
Mateus 19.13. 

Então, lhe trouxeram algumas crianças
para que as tocasse... Mateus 10.13.

Traziam-lhe também as crianças,
para que as tocasse... Lucas 18.15.

Dedicar, apresentar ou consagrar a criança?

Outros levantam ainda a questão do termo mais adequado: apresentação, consagração ou dedicação? Lucas registra que Jesus foi apresentado no templo [2.22] em cumprimento ao que determinava a lei no sentido de que todo primogênito deveria ser consagrado [2.23], que significa “separado para”.

Como dedicar a alguém algo que lhe pertence?

Fica então a pergunta se o correto seria dedicar o filho a Deus. Ocorre que não faz sentido dedicar a alguém algo que já lhe pertence; foi o próprio Deus que o disse [Lv 27.26], referindo-se aos primogênitos dos animais. Além do mais, o criador é dono de sua criação. Ora, Deus diz ter criado todos os seres humanos e que estes pertencem a ele:

“Do Senhor é a terra e a sua plenitude,
o mundo e aqueles que nele habitam.”
Salmo 24.1.

“Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus e os
estendeu, formou a terra e a tudo quanto produz;
...que dá fôlego de vida ao povo que nela está
e o espírito aos que andam nela.” Isaías 42.5.

“Eis que todas as almas são minhas; como
a alma do pai, também a alma do filho é minha... 
Ezequiel 18.4.

“...Fala o Senhor... que forma o espírito do homem
dentro dele.”  Zacarias 12.1.

Dessa forma, se todos pertencem a Deus, não importa o termo empregado, como lhe dedicar qualquer um deles? O ato não pode ser mais do que expressão de ações de graça, confissão pública dos pais em reconhecimento de que o filho não lhes pertence, que apenas lhes fora confiado. E como tal deveria ser celebrado e anunciado:

“Celebração pela nascimento do/a...”
“Cerimônia de ações de graça pela chegada do/a...”

Tudo o mais que cerca a apresentação dos filhos a Deus, embora louvável, é mera liturgia, consagrada pela tradição humana, não prevista na Bíblia como ordenança.

Uma nova percepção da cerimônia de consagração de crianças

Não é objetivo dessa exposição tecer discussão sobre a validade do batismo de crianças ou de sua apresentação; tão somente levantar possibilidades de como pode essa ser realizada, até então tão restrita a um mesmo padrão.

Essa cerimônia, praticada na maioria das igrejas ditas evangélicas, costuma limitar-se a uma oração pelos pais e pela criança. Alguns oficiantes proferem bênçãos quanto ao futuro do dedicando, emprestando-lhe muitas vezes caráter profético. Ainda alguns tomam dos pais o compromisso de orientarem a criança dentro dos princípios cristãos contidos na Bíblia, o que também é mera liturgia. Os evangelhos não registram nenhuma exigência de Jesus para com os pais que o procuraram ansiosos em conseguir sua bênção sobre a vida dos filhos.

Ainda, alguns pais se valem da ocasião como pretexto para levar os parentes à igreja que frequentam – avós, tios, primos – e até mesmo amigos e vizinhos que, na hora da oração, são convidados a se porem de pé ou se deslocarem até a frente e estenderem as mãos, juntamente com os demais presentes, na direção da criança para a abençoarem.

Independente do lugar onde se realize a cerimônia, essa seria uma boa ocasião para alertar aqueles que exercerão influência sobre a criança quanto à severa advertência de Jesus àqueles que criarem embaraços à sua fé, fazendo-a tropeçar ou se escandalizar:

Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.
Mateus 18.6. 

E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar. Marcos 9.42.

Esses textos alertam-nos, em especial, contra a deliberada decisão de desconstruir na criança a fé em Jesus. A advertência vale para todos que com ela convivem: são responsáveis pela influência que exercem sobre ela. E quanto maior a influência, maior a responsabilidade. E a melhor contribuição que podem dar na sua formação é serem para ela um bom exemplo.

O que o ato deve comunicar aos presentes

Os pais que tomam a iniciativa de formalizar a consagração do filho a Deus de forma pública, ainda que apenas no âmbito familiar, estão, na verdade, comunicando aos presentes, quanto à orientação espiritual da criança, três coisas básicas:

§  O tipo de ensinamento e fé que pretendem construir
     na criança.
§  O comprometimento de não delegar tal responsabilidade
     à igreja nem à escola.
§  O desejo de que todos os que conviverem com a criança
     respeitem essa opção.

terça-feira, 16 de julho de 2013


consagração dos filhos no contexto bíblico

No contexto bíblico, a consagração de um filho recém-nascido remonta à Lei de Moisés. Era, na verdade, dever dos pais apresentarem o primeiro filho, menino, e oferecerem por ele a oferta determinada pela lei para o seu resgate.

Deus reivindicara como pertencente a si “todo aquele que abrisse a madre” [Êxodo 13.2; 22.29], tanto dentre os filhos dos hebreus quanto dos rebanhos. Pertenciam a Deus, e, portanto, deveriam ser levados ao templo e consagrados segundo o rito determinado.

Consagra-me todo primogênito; todo que abre a madre de sua mãe entre os filhos de Israel, tanto de homens como de animais,
é meu. Êxodo 13.2.

...o primogênito de teus filhos me darás. Êxodo 22.29.

Todo o que abre a madre é meu... Êxodo 34.19.

O primeiro filho, após ser apresentado no templo, era resgatado mediante uma oferta especial.

...todo primogênito do homem entre teus filhos resgatarás. Êxodo 3.13.

...eu sacrifico ao SENHOR todos os machos que abrem a madre; porém a todo primogênito de meus filhos eu resgato. Êxodo 13.15.

...Remirás todos os primogênitos de teus filhos...
Êxodo 34.20.

Todo o que abrir a madre, de todo ser vivente, que trouxerem ao SENHOR, tanto de homens como de animais... porém os primogênitos dos homens resgatarás. Deuteronômio 18.15.

Conforme se pode extrair dos textos, nem todas as crianças israelitas eram levadas ao templo para a cerimônia de consagração. Apenas o primeiro filho, e caso fosse do sexo masculino.

Quando ainda em vigor as leis transmitidas por meio de Moisés, ganham destaque duas consagrações: a do Profeta Samuel e a de Jesus. São as dedicações mais conhecidas na Bíblia.

A consagração de Samuel
1Samuel 1.19-28

 Temos nos primeiros capítulos do primeiro livro de Samuel a narrativa de sua consagração. Sua mãe era estéril, condição de muita humilhação para a mulher na sociedade da época. Numa de suas idas anuais ao templo, ela orou angustiadamente por um filho, e Deus a ouviu. Pôs-lhe o nome de Samuel, que significa “do Senhor o pedi” (1Samuel 1.20.) E lhe fez um voto: se atendida, devolveria o menino para viver e servir no templo. Deus a atendeu e ela cumpriu o voto, após desmamar o garoto, quando então foram satisfeitas as condições da lei para o ato.

Ana certamente fez a oferta devida para resgate do filho, prevista na lei, mas abdicou do direito de vê-lo crescer no seio da família, deixando Samuel no templo aos cuidados do Sacerdote Eli (1Samuel 2.11). E a partir de então tinha com ele apenas um encontro anual, quando subia a Jerusalém para adoração. (1Samuel 2.18, 19.)                      

A consagração de Jesus
Lucas 2.22-24, 27

Da mesma forma que Samuel, sendo Jesus o primeiro filho, seus pais também se sujeitavam à exigência da lei, por isso o levaram ao templo, ao tempo determinado; e a prova do seu resgate é que retornou ao convívio familiar, onde cresceu e viveu até o início de sua missão.

Temos, portanto, duas dedicações impostas, não voluntárias, cumprimento de uma obrigação religiosa prevista na Lei de Moisés, a que se sujeitavam todos os casais israelitas.

O bom exemplo dos pais de Sansão

Embora a figura de Sansão ofusque a de seus pais, é digno de nota a postura destes. Sua mãe, à semelhança de Ana, mãe de Samuel, era estéril. Foi agraciada com a maternidade e orientada por um anjo com se portar durante a gravidez. Seu marido, Manoá, quando soube do encontro da sua mulher com o anjo e tudo que este dissera a ela, orou pedindo orientação quanto à forma que deveria orientar o menino:

Havia um homem de Zorá, da linhagem de Dã, chamado Manoá, cuja mulher era estéril e não tinha filhos. Apareceu o Anjo do SENHOR a esta mulher e lhe disse: Eis que és estéril e nunca tiveste filho; porém conceberás e darás à luz um filho. Então, a mulher foi a seu marido e lhe disse: Um homem de Deus veio a mim... Porém me disse: Eis que tu conceberás e darás à luz um filho; agora, pois, não bebas vinho, nem bebida forte... Então, Manoá orou ao SENHOR e disse: Ah! Senhor meu, rogo-te que o homem de Deus que enviaste venha outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer. (Juízes 13.2, 3, 6-8.)

domingo, 14 de julho de 2013


O costume de abençoar as crianças

De modo geral, o casal judeu tinha duas preocupações com os filhos que lhe nasciam. Uma era com o nome, escolhido com critério e cujo significado traduzia suas expectativas em relação a eles. Os nomes iniciados ou terminados por EL ou IAS indicavam que Deus fazia parte do seu significado. O nome Samuel traduzida sua origem: “do Senhor o pedi” (1Samuel 1.20.) Os de Jesus  – Josué me hebraico –, o informado pelo anjo que anunciou seu nascimento traduzia sua missão e o profetizado por Isaías, 700 anos antes, a razão de sua encarnação – Deus habitando entre nós:

...e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará
o seu povo dos pecados deles. Mateus 1.21.

...ele será chamado pelo nome de Emanuel
(que quer dizer: Deus conosco).
Mateus 1.23 (Isaías 7.14).

Outra preocupação dos pais se voltava para o futuro do filho. Desejavam proteção de males, doenças. Daí o costume de, já ao tempo de Jesus, os israelitas levarem os filhos, ainda pequeninos, para serem abençoados pelos rabinos, anciãos ou chefes das sinagogas.

E é desse costume que decorre a insistência dos pais em conseguir aproximar as crianças de Jesus. Afinal, o novo rabino fazia milagres, impressionava a todos e certamente tinha poderes de abençoar. E os que insistiam em furar o bloqueio dos discípulos, conseguiam seu intento: que o Mestre as tocasse. Jesus não apenas as acolhia e abençoava, mas também censurava a atitude dos seus auxiliares.

Tais encontros certamente se deram nos ambientes menos prováveis para a mentalidade religiosa. O cenário era onde encontravam Jesus, no seu mover constante entre vilas e cidades, nos campos ou a beira-mar. E, ao contrário da apresentação do primeiro filho ao templo, de caráter obrigatório, eram atos voluntários, movidos pelas crenças dos pais quanto a possíveis poderes dos líderes religiosos.

Mas os discípulos constituíam um obstáculo aos pais que tentavam levar os filhos para serem abençoados por Jesus. Agiam como os guarda-costas dos políticos nos dias de hoje, julgando ser sua responsabilidade formar um cordão de isolamento em torno do Mestre, como se Jesus necessitasse sua proteção, esquecidos de que foram chamados para segui-lo – quem segue vai atrás – não para rodeá-lo ou ir à frente abrindo caminho, fazendo uma triagem e decidindo quem podia dele se aproximar.

De certa forma, foi bom esse incidente, pois, caso os pais tivessem acesso a Jesus através da intermediação dos discípulos, certamente seria respaldo de alguma doutrina fundamentada nesse episódio assegurando a necessidade e até obrigatoriedade de um intermediador – ministro, pastor, sacerdote, bispo – na consagração das crianças, para sua validade.

A receptividade de Jesus para com as crianças

Jesus reprovou a postura dos discípulos em relação à aproximação das crianças; na verdade, ele ficou indignado. Aliás, há apenas dois registros de Jesus ter manifestado indignação. Uma das ocasiões foi essa.

Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes:
Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis,
porque dos tais é o reino de Deus. Marcos 10.14.

Ao contrário dos que pensavam os discípulos, Jesus dá às crianças atenção especial: impõe-lhes as mãos, as toma nos braços, abençoa-as e ora por elas.
 
Trouxeram-lhe, então, algumas crianças
para que lhes impusesse as mãos e orasse...
e, tendo-lhes imposto as mãos...
Mateus 19.13, 15.
 
Então, lhes trouxeram algumas crianças
para que as tocasse... tomando-as nos braços
e impondo-lhes as mãos, as abençoava.
Marcos 10.13, 16.


Traziam-lhe também as crianças*, para que as tocasse; e os discípulos, vendo, os repreendiam.
Jesus, porém, chamando-as para junto de si, ordenou: Deixai vir a mim os pequeninos...”
Lucas 18.15, 16.

*"A versão de Lucas é especialmente digna de consideração, pois demonstra que algumas crianças, se não todas elas, levadas a Jesus eram 'bebês'. A Palavra grega utilizada aqui é diferente da traduzida por 'crianças' em Mateus e Marcos." Donald Bridge e David Phypers, em Águas que dividem, págs. 34-35. 

Na mente dos discípulos, as crianças eram muito pouco importantes para ocuparem o tempo de Jesus. A tentativa de impedirem as crianças de se aproximarem de Jesus lembra bem a forma como as crianças eram tratadas até algum tempo atrás, já no século vinte, quando chegava alguma visita. Todas eram orientadas a nem passar pela sala. Para ali adentrarem, só se fossem chamadas. Eram de todo excluídas. Deviam ir “lá para os fundos”, não fazer barulho, não chamarem a atenção para si.


A importância das crianças

Citadas inúmeras vezes para ilustrar seus ensinos, inclusive os direcionados especificamente aos discípulos, Jesus conferiu às crianças, que até então nem eram percebidas, importância ímpar, com ações e afirmações surpreendentes:
         O perfeito louvor vem delas.
         Mateus 21.16.

     O reino dos céus é delas.
     Mateus 19.14; Marcos 10.14.
     
        Para entrar no reino dos céus tem
        de se tornar com uma delas.
        Mateus 18.2.

      Quem acolhe uma delas em nome de Jesus,
       recebe-o a ele e ao Pai.
       Mateus 18.5; Marcos 9.37.

      Quem quiser ser o maior no reino dos céus
   deve se tornar como uma delas. Marcos 10.15.
     
      Ai daquele que criar embaraços à fé de
     uma criança,  fazendo-a tropeçar ou se
     escandalizar.   Mateus 18.6; Marcos 9.42.

A iniciativa e motivação da consagração

Dessa forma, desobrigados das exigências da lei de Moisés e tomando por base o costume neotestamentário de levar as crianças para serem abençoadas pelos mestres e rabinos, podemos concluir que o ato de consagração do filho deve ser de iniciativa dos pais, como expressão de gratidão pela vida a eles confiada. Um ato de ações de graça, imbuído da consciência de suas implicações, principalmente de que os filhos não lhes pertencem. Do contrário, não terá qualquer valor se decorrer de motivações erradas, tais como:

  • apenas um evento social para reunir pessoas e promover uma festa;
  • ceder a pressões e cobranças de parentes, amigos, conhecidos – dar satisfação aos outros;
  • para agradar esta ou aquela pessoa, por mais importante que seja para os pais;
  • para atender à crença de um ou outro;
  • como mera prática religiosa, “como de costume".


Reafirmamos: sendo a motivação errada, nenhum valor tem o ato público em si. É preferível que os pais não se sujeitem a dedicar o filhos motivados apenas em não contrariar este ou aquele, e porque “todo mundo faz”. 



Sendo a motivação correta, o acontecimento pode ser uma excelente oportunidade para se promover a disseminação do evangelho, pois, conforme for conduzido o ato, transmitirá sua mensagem aos convidados, ainda que apenas com a exposição no local de textos bíblicos relacionados à ocasião.