terça-feira, 16 de julho de 2013


consagração dos filhos no contexto bíblico

No contexto bíblico, a consagração de um filho recém-nascido remonta à Lei de Moisés. Era, na verdade, dever dos pais apresentarem o primeiro filho, menino, e oferecerem por ele a oferta determinada pela lei para o seu resgate.

Deus reivindicara como pertencente a si “todo aquele que abrisse a madre” [Êxodo 13.2; 22.29], tanto dentre os filhos dos hebreus quanto dos rebanhos. Pertenciam a Deus, e, portanto, deveriam ser levados ao templo e consagrados segundo o rito determinado.

Consagra-me todo primogênito; todo que abre a madre de sua mãe entre os filhos de Israel, tanto de homens como de animais,
é meu. Êxodo 13.2.

...o primogênito de teus filhos me darás. Êxodo 22.29.

Todo o que abre a madre é meu... Êxodo 34.19.

O primeiro filho, após ser apresentado no templo, era resgatado mediante uma oferta especial.

...todo primogênito do homem entre teus filhos resgatarás. Êxodo 3.13.

...eu sacrifico ao SENHOR todos os machos que abrem a madre; porém a todo primogênito de meus filhos eu resgato. Êxodo 13.15.

...Remirás todos os primogênitos de teus filhos...
Êxodo 34.20.

Todo o que abrir a madre, de todo ser vivente, que trouxerem ao SENHOR, tanto de homens como de animais... porém os primogênitos dos homens resgatarás. Deuteronômio 18.15.

Conforme se pode extrair dos textos, nem todas as crianças israelitas eram levadas ao templo para a cerimônia de consagração. Apenas o primeiro filho, e caso fosse do sexo masculino.

Quando ainda em vigor as leis transmitidas por meio de Moisés, ganham destaque duas consagrações: a do Profeta Samuel e a de Jesus. São as dedicações mais conhecidas na Bíblia.

A consagração de Samuel
1Samuel 1.19-28

 Temos nos primeiros capítulos do primeiro livro de Samuel a narrativa de sua consagração. Sua mãe era estéril, condição de muita humilhação para a mulher na sociedade da época. Numa de suas idas anuais ao templo, ela orou angustiadamente por um filho, e Deus a ouviu. Pôs-lhe o nome de Samuel, que significa “do Senhor o pedi” (1Samuel 1.20.) E lhe fez um voto: se atendida, devolveria o menino para viver e servir no templo. Deus a atendeu e ela cumpriu o voto, após desmamar o garoto, quando então foram satisfeitas as condições da lei para o ato.

Ana certamente fez a oferta devida para resgate do filho, prevista na lei, mas abdicou do direito de vê-lo crescer no seio da família, deixando Samuel no templo aos cuidados do Sacerdote Eli (1Samuel 2.11). E a partir de então tinha com ele apenas um encontro anual, quando subia a Jerusalém para adoração. (1Samuel 2.18, 19.)                      

A consagração de Jesus
Lucas 2.22-24, 27

Da mesma forma que Samuel, sendo Jesus o primeiro filho, seus pais também se sujeitavam à exigência da lei, por isso o levaram ao templo, ao tempo determinado; e a prova do seu resgate é que retornou ao convívio familiar, onde cresceu e viveu até o início de sua missão.

Temos, portanto, duas dedicações impostas, não voluntárias, cumprimento de uma obrigação religiosa prevista na Lei de Moisés, a que se sujeitavam todos os casais israelitas.

O bom exemplo dos pais de Sansão

Embora a figura de Sansão ofusque a de seus pais, é digno de nota a postura destes. Sua mãe, à semelhança de Ana, mãe de Samuel, era estéril. Foi agraciada com a maternidade e orientada por um anjo com se portar durante a gravidez. Seu marido, Manoá, quando soube do encontro da sua mulher com o anjo e tudo que este dissera a ela, orou pedindo orientação quanto à forma que deveria orientar o menino:

Havia um homem de Zorá, da linhagem de Dã, chamado Manoá, cuja mulher era estéril e não tinha filhos. Apareceu o Anjo do SENHOR a esta mulher e lhe disse: Eis que és estéril e nunca tiveste filho; porém conceberás e darás à luz um filho. Então, a mulher foi a seu marido e lhe disse: Um homem de Deus veio a mim... Porém me disse: Eis que tu conceberás e darás à luz um filho; agora, pois, não bebas vinho, nem bebida forte... Então, Manoá orou ao SENHOR e disse: Ah! Senhor meu, rogo-te que o homem de Deus que enviaste venha outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer. (Juízes 13.2, 3, 6-8.)